Um dos 11 PMs acusados do assassinato da juíza Patrícia Acioli, o cabo Jeferson de Araújo disse nesta quinta-feira (17), em depoimento à Justiça, que foi forçado por um inspetor da Divisão de Homicídios a mentir sobre sua participação no crime e também sobre o envolvimento do tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira no caso. O oficial foi apontado como o mandante da execução.
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Segundo o cabo, o inspetor ameaçou lhe transferir para o presídio de segurança máxima Bangu 1 ou para a penitenciária federal de Catanduvas (PR) caso ele não assinasse o depoimento dado à polícia. Patrícia Acioli foi assassinada com 21 tiros em Piratininga, bairro de Niterói, na região metropolitana do Rio, no dia 11 de agosto.
“Não, não confirmo. Fui forçado pelo inspetor, que me pressionou a assinar o depoimento, e falou que se eu não aceitasse a delação, seria transferido para Bangu I ou Catanduvas”, declarou. E ainda: “Só pensei na minha família. Não confirmo a participação”. Segundo o policial, ele nem leu o termo da Divisão de Homicídios, somente assinou.
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O juiz Peterson Barroso, da 3ª Vara Criminal de Niterói, que ouviu o depoimento, ainda perguntou se Jefferson negava a declaração feita, em setembro, no processo da medida cautelar de antecipação de provas, em sua presença, na de advogados, promotoria e defensoria pública. O cabo respondeu: “Não disse a verdade”.
Segundo o magistrado, que quis saber o porquê da mentira, o acusado naquela oportunidade aparentava calma e foi bastante detalhista. O juiz também questionou o réu sobre uma declaração feita na audiência de setembro, em que pedira desculpas, com voz de choro, sobre o que aconteceu com a juíza. Jeferson desmentiu, afirmando ter dito: “peço perdão pelos problemas causados”.
O magistrado perguntou ao policial se ele tinha carro e quanto ganhava. Jeferson afirmou que tinha um Corolla, e que ganhava R$ 2 mil por mês. O juiz quis saber também o preço do veículo. “Custa R$ 45 mil”, respondeu.
Em razão da mudança de depoimento do cabo, o juiz Peterson Barroso cogitou da possibilidade de atender ao pedido do Ministério Público para transferir os réus para fora do Estado do Rio.
O advogado Técio Lins e Silva, assistente da acusação, afirmou que o depoimento de Jeferson Miranda foi “absolutamente inconsistente”. Segundo o advogado, se ele assinou o termo na delegacia sem ler, como repetiu em juízo, com detalhes e segurança, toda a história.
Outro acusado do crime, o tenente Daniel Benítez, também participou do interrogatório mas permaneceu em silêncio quando questionado pelo juiz.
Mais cedo, em seu depoimento, o cabo Sérgio da Costa Júnior confessou ter atirado na juíza. Ele disse que resolveu matá-la porque se sentiu injustiçado em razão de Patrícia Acioli ter decretado sua prisão.
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