A presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, considera
necessário adequar o preço dos combustíveis vendidos na refinaria ao
novo padrão de preço do petróleo, câmbio e consumo. O aumento de
novembro, de 10% na gasolina e 2% no diesel - que foi absorvido pela
redução de tributos e não chegou ao consumidor final - apenas "suavizou a
barriga" da distorção. Um novo reajuste está a caminho.
"Se você me pergunta: é para corrigir preço? É lógico que é para
corrigir preço, a perdurar os patamares vigentes nos últimos seis meses.
(...) Não faz sentido imaginar que quem vende - qualquer coisa que
seja, uma xícara, um caderno, gasolina, diesel - não repasse ao mercado
as suas vantagens e as suas desvantagens", declara Graça.
Em entrevista, a executiva, primeira mulher a presidir a maior empresa
brasileira, não se negou a responder a nenhuma pergunta. À vontade no
gabinete remodelado, onde espalhou flores, mudou posição de móveis,
distribuiu fotos da família e objetos pessoais, como a pequena escultura
dos Beatles, ela recebeu os repórteres reclamando de um troféu momesco:
bolhas nos pés, resultado do concorrido desfile no bloco Simpatia é
Quase Amor, uma instituição carnavalesca de Ipanema.
Mas lamentou não ter atravessado a Sapucaí com sua escola de coração, a
União da Ilha do Governador, para evitar uma superexposição. Passado o
carnaval, o ano começa com muito trabalho e um caderno já totalmente
preenchido à mão, com números, cobranças, gráficos, colagens e grifos
feitos com caneta marca-texto. "Anoto tudo", afirma Graça, há 11 dias no
cargo. Tempo suficiente para ter convocado três reuniões com a Sete
Brasil - empresa que fornecerá sondas para a Petrobrás - e agendado mais
uma para a semana que vem.
Cobra a produção das sondas de perfuração encomendadas pela companhia.
"Não trabalhamos com perspectiva de atraso", afirma Graça. Neste ponto,
ela destaca a diferença de estilos que vai marcar a nova fase da
Petrobrás. "Tem de pegar em cima. Conhece mosca de boi?" diz, usando a
melhor imagem que encontrou para traduzir sua disposição de não dar
sossego aos fornecedores. Principalmente "os famosos estaleiros
virtuais".
Depende disso e das novas refinarias a consumação da autossuficiência
brasileira, explica. Sem as sondas operando no prazo estipulado, a
empresa não consegue atingir as metas de produção, como ocorreu nos
últimos três anos. Sem mais capacidade de refino, a Petrobrás é obrigada
a importar gasolina para atender ao aumento do consumo. O Brasil,
então, não é autossuficiente? "Não está porque tomamos a decisão tardia
de fazer crescer o nosso parque de refino", fala Graça, sem
constrangimentos.
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