Um ouvinte me pergunta se eu poderia explicar a diferença entre um empregado político e um puxa-saco. Porque, ele diz, algumas pessoas sem noção o acusam de ser puxa-saco, enquanto ele se considera um bom político.
Vamos lá. Ser político é saber manter um bom relacionamento com todos os colegas de trabalho e ser puxa-saco é bajular apenas quem ocupa cargos mais altos. Ambos fazem elogios. A diferença é que o político sabe reconhecer méritos e elogia a quem merece. Já o puxa-saco elogia o chefe, mesmo quando não existe nem motivo, nem necessidade.
O político é um apaziguador. Dificilmente ele entra em uma discussão, mas quando entra, sempre procura encontrar uma solução conciliatória,
que não irá gerar mágoa ou mal estar. Já o puxa-saco defende não os
pontos de vista dele, mas o de seus superiores. E, de preferência, na
presença dos superiores.
O político tem um plano de longo prazo.
Ele sabe que o bom relacionamento pesa bastante na hora de uma
promoção. O puxa-saco tem uma visão de curto prazo. Ele está mais
interessado em manter a sua posição.
O
político propõe trocas. Ele procura demonstrar que pode ser útil a um
colega, sabendo que um dia o favor será retribuído. Já o puxa-saco não
se compromete. Ele é mais de pedir do que de oferecer.
Porém,
é comum que políticos e puxa-sacos sejam confundidos, como o nosso
ouvinte constatou. A verdadeira diferença aparecerá com o tempo.
Enquanto o político pode ser político em qualquer empresa, o puxa-saco
está amarrado a uma situação temporária. Para sobreviver, ele precisa de
um chefe que aprecie ser bajulado. E quando deixa de ter um, perde a
sustentação.
Mas
talvez o que mais incomode a quem não é nem político, nem puxa-saco, é o
fato de que, na média, ambos se dêem melhor na carreira do que os
autênticos que não fazem concessões.
Folha de Parnaiba
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