Preso nega acusações e diz que iria prestar concurso para a PM.
Daniel foi apresentado na 53ª DP, nesta quarta
(Foto: Cristiane Cardoso/G1)
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No fim da tarde desta quarta-feira (12), a polícia apresentou um homem investigado por envolvimento na morte de seis adolescentes na Favela da Chatuba, na Baixada Fluminense. De acordo com o delegado Júlio da Silva Filho, da 53ª DP (Mesquita), o preso, identificado pelo nome de Daniel Dias Cerqueira dos Santos, teria ordenado aos traficantes da comunidade que atirassem nos parentes das vítimas, que foram à favela no dia seguinte ao desaparecimento dos jovens.
O delegado explicou que Daniel foi reconhecido por uma testemunha como o mandante dos disparos. Ainda de acordo com Júlio da Silva Filho, os parentes dos adolescentes confirmaram que houve tiros quando eles foram à favela no domingo (9), em busca de informações dos adolescentes que estavam desaparecidos desde sábado (8).
“Uma testemunha disse que ele estava em cima de uma laje, com um radiotransmissor, dando ordens para atirar nos parentes dos adolescentes”, disse o delegado.
Daniel foi preso na terça-feira (11), em sua casa, na Favela da Chatuba. A polícia informou que com ele foram encontradas drogas. Outras duas pessoas, que também estavam na casa, foram presas. O delegado adiantou que vai indiciá-lo pelo crime de tráfico de drogas.
Preso alega inocência
O preso, de 23 anos, alegou inocência. O rapaz contou que as drogas encontradas em sua casa pertenciam a traficantes da região. Daniel afirmou que estava desempregado, mas iria prestar concurso para a Polícia Militar. Durante sua apresentação na 53ª DP, ele vestia uma camiseta da Brigada Parquedista. Daniel falou que já serviu ao Exército, quando tinha 18 anos.
Já foram presas 20 pessoas: 17 homens, duas mulheres e um adolescente. Numa operação realizada, na terça-feira (11), foram apreendidos na Chatuba grande quantidade de drogas, um fuzil com luneta, uma submetralhadora e dois revólveres e cerca de R$ 28 mil em espécie.
Desvio de conduta de PMs
O secretário de estado de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, solicitou, nesta quarta-feira (12), ao Corregedor da Polícia Militar, Waldyr Soares Filho, que faça uma apuração sobre denúncias de moradores da comunidade da Chatuba, em relação a possíveis desvios de conduta de policiais militares.
Desde segunda-feira (10), PMs ocupam a favela em busca dos traficantes que ordenaram e participaram da execução dos seis adolescentes.
Parentes reconhecem roupas de vítimas
Ainda nesta quarta, os parentes dos jovens assassinados reconheceram como sendo das vítimas, peças de roupas e objetos recolhidos pela polícia, na localidade conhecida como Biquinha, na Favela da Chatuba. O local é um dos acessos à cachoeira, para onde os adolescentes pretendiam ir, quando desapareceram na tarde de sábado (8).
Durante operação na Favela da Chatuba, os policiais encontraram nos acessos à cachoeira uma camiseta e duas facas sujas de sangue. O material também será mostrado às famílias dos jovens para reconhecimento e passará por perícia para tentar identificar se pertenceriam a algum dos mortos na chacina. Outros objetos, entre eles, garrafas de água e cápsulas para dosagem de cocaína, também foram encontrados pela polícia no caminho.
Pedido de prisão
O delegado Júlio da Silva Filho, titular da 53ª DP (Mesquita), encaminhou à Justiça, na manhã desta quarta, o pedido de prisão temporária de 30 dias dos chefes do tráfico na comunidade da Chatuba, suspeitos de envolvimento na chacina dos seis adolescentes.
Segundo o coronel Frederico Caldas, relações públicas da PM, a partir da ocupação definitiva da comunidade vai ser instalada uma Companhia Destacada, com efetivo de 112 policiais.
"É uma resposta imediata aos atos bárbaros que foram cometidos no final de semana. O relato dos moradores é dramático. A convivência com esses marginais fazia parte da rotina deles. Essa ação é uma reconquista desse território e uma garantia de tranquilidade aos moradores", completou Caldas.
Segundo moradores que preferiram não se identificar, a chegada da polícia aconteceu em boa hora.
"Moro aqui há 55 anos e a situação estava ficando cada vez pior. Espero que agora as coisas melhorem", disse uma moradora, ressaltando que tinha receio até de chegar ao portão de casa.
G1
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