Um grupo de bancos e agências financeiras que opera no Piauí com a
venda de veículos financiados decidiu deixar de atuar no estado desde as
primeiras horas da manhã desta sexta-feira (30/03).
A medida se deu por conta de uma suposta cobrança indevida, segundo
alegam os bancos, por parte do Governo do Estado, através do Detran-PI
(Departamento Estadual de Trânsito). Este vinha cobrando dos clientes a
chamada tarifa Siraf (Tarifa de Registro de Financiamento de Veículos).
No entanto uma decisão judicial havia retirado esta taxa por um período
de cerca de um ano, ainda em 2011. Em dezembro do ano passado a Justiça
determinou a volta dessa cobrança. O Detran passou então a cobrar os
bancos o repasse pelo financiamento dos veículos. Entre as instituições
financeiras estão Itaú, Bradesco, Santander, BV e Finasa.
São justamente os bancos mais usados pelas lojas de veículos novos e
seminovos não só no Piauí, mas em todo o Brasil para financiamento de
veículos. Representam cerca de 70% das vendas, já que a maioria dos
carros vendidos no País são financiados. Empresários do setor
automobilístico no Piauí entraram em desespero, pois além de perderem
clientes, veem seus negócios prejudicados e praticamente param suas
atividades.
Vendas de carros, novos e usados, financiados, no Piauí, prejudicadas
“Nós, enquanto empresários do setor de automóveis, só temos a lamentar
que isso tenha ocorrido. Nos surpreendemos com os bancos deixando de
operar no Piauí. O financiamento de veículos é algo que mais movimenta
esse setor. Quase 80% do que vendemos é financiado”, reclamou o
empresário Allisson Leonardo Machado, dono da loja Extra Veículos. “Com
essa saída dos bancos, as operações financeiras comprometem todo mundo.
Inclusive o próprio Estado, que deixa de arrecadar”, acrescentou um
gerente de um dos maiores grupos de concessionárias do estado que
prefere não ser identificado.
Douglas Alexandre explica ao 180graus sobre a complicada situação
Para o empresário Douglas Alexandre, presidente da Agenciauto (Agência
dos Revendedores de Automóveis do Piauí), o que deve acontecer é um
diálogo entre Governo do estado, através do Detran, e as instituições
financeiras, os bancos que não quere de forma alguma pagar o que o
Governo do Estado está cobrando. “Eu defendo o diálogo entre Governo e
Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Sem essas instituições
financeiras operarem no Piauí, o mercado fica parado. Sem esse diálogo,
perde o consumidor, perde o Estado, perdem os lojistas... perdem todos
os piauienses”, explica Douglas Alexandre. Em contato com o 180graus o
presidente da Fenauto (Federação Nacional dos Revendedores de
Automóveis) Ilídio Goncalves ressaltou que tem participado das
discussões sobre o assunto no Piauí, em defesa do empresariado. “A
Febraban quer negociar, quer contribuir para que bancos como Itaú,
Santander e Bradesco, que financiam muitos veículos no Piauí, continuem
operando, mas o impasse continua. O que sei é que o Detran-PI já está
querendo contribuir resolver e talvez o Governo (do Piauí) acabe
cedendo”.
O 180graus telefonou para o diretor geral do Detran-PI, José Antonio
Vasconcelos. Ele passou a manhã inteira em reunião a portas fechadas na
sede do Departamento de Trânsito com empresários e representantes das
instituições financeiras, com participação de membros da Febraban.
Tratou justamente sobre esse imbróglio. Segundo ele, o governador Wilson
Martins (PSB) autorizou o Detran a fazer uma rodada de negociação com
as instituições financeiras e entrar em acordo. No entanto, garante
Vasconcelos, o Governo do Estado não abre mão de receber o que os bancos
devem. “Ainda ontem a noite o governador autorizou abrir o sistema e
liberar uma via para negociação. Ficamos acertados, já nesta
sexta-feira, de na próxima semana começar uma nova negociação. Desta
forma, ficou certo de que todas as instituições financeiras voltem a
operar normalmente no Piauí. A informação que eu tive é de que já voltou
tudo ao normal e os bancos estão operando em todas as lojas e
concessionárias do estado. Agora que fique bem claro que essa divida é
legitima. É uma decisão judicial e precisa ser cumprida. Vamos negociar o
passivo, o atrasado. Isso tem que acontecer. Acreditamos na
negociação”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
nos não nos responsabilizamos pelos seus comentarios