Matéria do jornal O Globo mostra que desde 27 de maio de 2009, quando a
Barragem Algodões, em Cocal (a 283km de Teresina), rompeu-se, matando
11 pessoas e destruindo casas e propriedades de 270 famílias, a situação
não mudou na cidade, e o cenário é o mesmo deixado pela tragédia.
A barragem continua destruída, e o Rio Pirangi, antes manancial na
região, não passa hoje de um filete d’água. Os recursos prometidos pelo
Ministério da Integração para obras de uma nova barragem nunca foram
liberados. O presidente do Instituto de Desenvolvimento do Piauí, Elizeu
Aguiar, disse que os R$ 110 milhões necessários para a nova Barragem
Algodões estão previstos no Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC
2).
Segundo ele, as obras de construção da barragem, com capacidade para 50
milhões de metros cúbicos, só serão licitadas este mês, porque houve
demora na elaboração do projeto, que ainda não tem o relatório de
impacto ambiental e a licença do Ibama. - Aqui, eu tinha, com minha
família, cem hectares de terra, onde plantava mandioca, milho, cana,
para vender garapa, criava carneiros, cabras e porcos. Agora, não tenho
nada. As águas destruíram minha casa, e tenho cinco filhos para dar de
comer - disse o agricultor José Honório Alves Neto, que ainda mora perto
da barragem, em uma casa que construiu após a tragédia.
- Eu tirava um salário e meio, e hoje vivo de uma pensão de R$ 225 que o
governo do Piauí paga por mês e que atrasa até cinco meses. A terra
onde a gente plantava agora é seca e cheia de pedras que chegaram com as
águas da barragem que se rompeu. Minha vida está uma desgraça -
acrescentou Alves Neto. A dona de casa Maria Clemilda Machado contou que
seu pai, o pedreiro e agricultor Romão José Machado, morreu de
depressão e câncer há três meses. Ela disse que, desde que teve a casa
destruída no rompimento da barragem, o pai não saiu mais da casa onde
foi viver, construída na serra. - Ele não só perdeu a casa, mas também
toda a propriedade, os animais, e ainda tentou plantar em outro terreno,
mas era muito seco e não dava nada. Ele entregou os pontos e vivia em
profunda depressão - afirmou Maria Clemilda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
nos não nos responsabilizamos pelos seus comentarios